sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Passado Imperfeito, uma das grandes obras de Tony Judt

Passado Imperfeito


Terminei a leitura do livro "Passado Imperfeito" do grande pensador, historiador, escritor e professor britânico Tony Judt. Estava esgotado há algum tempo no Brasil. Alguns exemplares em sebos apresentavam sinais do uso e do desgaste do tempo. Consegui localizar em livraria virtual de Cuiabá (MS) um livro novinho em folha (o último exemplar). 

Esta é uma obra indispensável para se entender toda a influência deletéria exercida pela intelectualidade francesa de esquerda da década de 1930 até a de 1990 sobre os intelectuais brasileiros de esquerda.

Li, do mesmo autor, outra obra de capital importância: "O Peso da Responsabilidade", onde ele descreve a brava luta de enfrentamento de pensadores liberais franceses contra os marxistas e simpatizantes do stalinismo, dentre os quais se sobressaíram Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir, Louis Althusser, Michel Foucault e diversos outros. 

Dentre esses corajosos e heroicos pensadores franceses da resistência anti-stalinista podem ser incluídos Albert Camus, Raymond Aron, Léon Blum e o historiador François Furet e outros.

Recomendo as duas obras, com todo o entusiasmo, a todos aqueles que não aceitam os métodos espúrios de pensar e agir da esquerda brasileira. São obras que merecem ser divulgadas sempre que possível!

"O Passado Imperfeito" precisa ser reeditado no Brasil. Nesta obra, Judt traça um perfil dos intelectuais franceses do pós-guerra, de 1945 a 1956, que flertaram escandalosamente com o comunismo e apoiaram as teses stalinistas.

Nada disseram ou escreveram sobre os gulags, campos de concentração e da morte que inspiraram os campos de extermínio nazistas, onde os soviéticos confinavam os dissidentes do regime. Nada foi escrito sobre os julgamentos espúrios de Moscou e Leningrado, onde quase toda a elite da Revolução de 1917 foi fuzilada e morta com tiros na nuca. Nada foi dito sobre a repressão a qualquer dissidência nas artes, cultura, ciência e política. Nada foi dito ou escrito sobre a farsa dos julgamentos e execução dos líderes comunistas tchecos em 1952, em função da paranoia de Stalin que via neles uma suposta ameaça à sua própria imagem. Nada foi dito sobre a invasão da Hungria em 1956 e assassinato dos líderes comunistas em Budapest. Nada foi dito ou escrito sobre a perseguição e prisão de lideranças católicas na Polônia e Hungria, particularmente ao Cardeal Mindhsenty. 

E, principalmente, nada foi dito ou escrito sobre a denúncia que Nikita Kruschev fez aos crimes de Stalin no XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética, em 1956, referente à violência, aos expurgos, às deportações, aos assassinatos, aos massacres, à coerção da liberdade aos cidadãos soviéticos, aos gulags e campos de concentração comunistas, construídos pelo ditador.

Estes filósofos, dentre os quais Jean-Paul Sartre, Maurice Merleau-Ponty, Simone de Beauvoir, Louis Althusser e muitos outros, tiveram uma influência total sobre grande parte da intelectualidade brasileira, notadamente os professores universitários, gerando todo o pensamento de esquerda do qual até hoje somos vítimas. 

Luuk van Viddelaar, filósofo e escritor holandês, autor de "Politicídio", da É Realizações Editora, segue os passos de Judt nesta análise crítica deste período negro da influência da filosofia francesa sobre os filósofos latino-americanos. 

Estas obras precisam ser mais divulgadas no Brasil a fim de que nossos jovens conheçam a influência deletéria dessa parte da intelectualidade francesa pós-guerra sobre nossos pensadores de esquerda.

No link abaixo, em análise primorosa de Mario Vargas Llosa encontramos uma descrição magnífica da obra do grande historiador britânico.


http://brasil.elpais.com/brasil/2014/07/27/opinion/1406412795_003595.html?id_externo_rsoc=FB_CC

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