The Atlas Miller, made in 1519 by Lopo Homem, Pedro Reinel and his son Jorge Reinel with miniatures by António de Holand. |
Este foi um dos mapas cartográficos do século XVI que a Coroa portuguesa (D. Manuel I e D. João III) utilizaram para reivindicar da Espanha um território maior para as terras lusas descobertas no Novo Mundo. A linha do Tratado de Tordesilhas limitava demais o território recém descoberto e a Coroa portuguesa lançou mão do milenar mito da "Ilha-Brasil", uma grande ilha no Ocidente (mas próximo à China e Japão), com poderes mágicos e miraculosos, com riquezas incalculáveis (veio junto com o mito do Eldorado), com finalidades geopolíticas de aumentar seu território. Para tal, o conceito de "Ilha-Brasil", utilizava a existência de grandes acidentes geográficos naturais para delimitar esse território.
Uma ilha seria um conjunto inviolável, unitário, estável, e tudo dentro dela seria propriedade de uma mesma nação. Os limites territoriais dessa "Ilha-Brasil" seriam as grandes bacias dos Rios da Prata e Amazonas, ambos nascendo num grande lago no centro do continente, chamado Eupana ou Xarayes, formando, portanto uma fronteira natural para o Brasil. Várias cartografias do século XVI também colocavam as nascentes do Rio São Francisco neste mesmo lago, reforçando assim o conceito de unidade territorial. Esse mito foi usado por mais de 100 anos com fins de domínio geopolítico português sobre a região, mas somente se consolidou na prática com a conquista territorial dos bandeirantes para a coroa lusitana.
Este mapa de Lopo Homem-Reines deixa a dúvida quanto à ligação entre as duas grandes bacias hidrográficas, pelos seus desenhos e ícones, mas contribuiu muito para alimentar o mito. É um dos mais belos exemplos da cartografia portuguesa na Era dos Descobrimentos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário