terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Mapa Cartográfico de Lopo-Homem-Reinel


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The Atlas Miller, made in 1519 by Lopo Homem, Pedro Reinel and his
son Jorge Reinel with miniatures by António de Holand.

Este foi um dos mapas cartográficos do século XVI que a Coroa portuguesa (D. Manuel I e D. João III) utilizaram para reivindicar da Espanha um território maior para as terras lusas descobertas no Novo Mundo. A linha do Tratado de Tordesilhas limitava demais o território recém descoberto e a Coroa portuguesa lançou mão do milenar mito da "Ilha-Brasil", uma grande ilha no Ocidente (mas próximo à China e Japão), com poderes mágicos e miraculosos, com riquezas incalculáveis (veio junto com o mito do Eldorado), com finalidades geopolíticas de aumentar seu território. Para tal, o conceito de "Ilha-Brasil", utilizava a existência de grandes acidentes geográficos naturais para delimitar esse território. 

Uma ilha seria um conjunto inviolável, unitário, estável, e tudo dentro dela seria propriedade de uma mesma nação. Os limites territoriais dessa "Ilha-Brasil" seriam as grandes bacias dos Rios da Prata e Amazonas, ambos nascendo num grande lago no centro do continente, chamado Eupana ou Xarayes, formando, portanto uma fronteira natural para o Brasil. Várias cartografias do século XVI também colocavam as nascentes do Rio São Francisco neste mesmo lago, reforçando assim o conceito de unidade territorial. Esse mito foi usado por mais de 100 anos com fins de domínio geopolítico português sobre a região, mas somente se consolidou na prática com a conquista territorial dos bandeirantes para a coroa lusitana. 

Este mapa de Lopo Homem-Reines deixa a dúvida quanto à ligação entre as duas grandes bacias hidrográficas, pelos seus desenhos e ícones, mas contribuiu muito para alimentar o mito. É um dos mais belos exemplos da cartografia portuguesa na Era dos Descobrimentos.

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