sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Comemoração do bicentenário dos Estados Unidos no Palácio das Artes de BH



Túnel do tempo: há 40 anos, agosto de 1976, ano do bicentenário dos Estados Unidos. O Palácio das Artes de Belo Horizonte dedicou diversos espetáculos de grandes bandas norte-americanas para comemorar este grande evento. 

Assisti a todos: Harry James e sua grande orquestra (quando ele recebeu uma belíssima homenagem do fã-club de Carmen Miranda, com quem ele estrelou alguns filmes em Hollywood), Art Blakey e os seus Jazz Messengers, Charles Mingus, o grande contra-baixista e compositor e sua orquestra. 












Mas o mais sensacional foi, sem dúvida, o Preservation Hall Jazz Band, de New Orleans. Composto em sua integralidade, na ocasião, por músicos acima dos 65 anos, levou o palco do Palácio das Artes a um delírio que, acredito, nunca mais se repetiu em sua história. Dentre eles, destacou-se o trompetista Kid Thomas Valentine, já beirando os oitenta anos, um músico excepcional. Lá pelas tantas ele some do palco e a banda continuou furiosa tocando When The Saints Go Marching In, um ícone do jazz. De repente, eis que ele surge lá atrás, entrando pela porta principal do grande salão do Palácio, vestido com uma toca de escravo negro das plantações de algodão da Louisiana do século XIX, e tocando a plenos pulmões o seu pistom, em uníssono com o som da banda no palco. Desfilou pelo corredor principal, seguido por uma fila de outros músicos e por muita gente da platéia extasiada. Até chegar ao palco foi um espetáculo indescritível. Quem viu, viu, que não viu perdeu o melhor espetáculo que já presenciei naquela casa de arte e cultura, nosso melhor espaço. Ao chegar ao palco a balbúrdia na platéia era geral: o povo enlouquecera ao som daquela banda mágica. Todos dançavam, pulavam ao lado de suas cadeiras, nos corredores e nos balcões. 





Nunca antes ou depois ocorreu algo igual. Eletrizante em todos os sentidos. Inesquecível e maravilhoso. Encontrei esta gravação realizada apenas seis anos depois, com diversos dos personagens que estiveram em BH. Não há palavras para descrever o que vi e senti. 

Do Túnel do Tempo com grande nostalgia e saudade, principalmente ao saber que nenhum deles está mais entre nós. Se o cavalo passar selado em sua frente e você não o montar, a oportunidade estará perdida para sempre. Felizmente, eu estava ali naquele momento mágico!

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