sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Crônicas da terra lusitana - Porto


A cidade do Porto é a segunda maior de Portugal. Está situada no noroeste do país, sendo a capital do Distrito do Porto e da região Norte. A população urbana é composta por 237 mil habitantes e o aglomerado urbano, que inclui as vilas e aldeias próximas, abrange um total de quase dois milhões e quinhentos mil habitantes, o que a torna a maior metrópole do noroeste da Península Ibérica. O município tem sete freguesias.

Foi a cidade que deu origem ao nome Portugal. Estando magnificamente situada na foz do rio Douro, junto ao Oceano Atlântico, inicialmente foi habitada por povos celtas. Posteriormente, foi colonizada por fenícios e, depois, pelos romanos. Em torno de 200 a.C. os romanos a denominavam Portus Cale. Portus referindo-se à margem norte do rio Douro e Cale à margem sul. Quando da queda do Império Romano, no século V houve a invasão dos suevos. Em 585, ocorreu a invasão dos visigodos. Em 716 ocorreu a invasão moura com a destruição da cidade pelas tropas de Abd al-Aziz ibn Musa. A resistência cristã se concentrou nas Astúrias, o único território na Península Ibérica que os mouros não conseguiram conquistar. A retomada cristã não tardou. Em 750, Afonso I, das Astúrias expulsou os mouros. Em 868, o conde Vímara Peres passou a controlar a cidade, independentemente das Astúrias, quando encetou um plano de repovoamento e renovação urbana. A partir daí, Portucale (o nome que já vinha sendo empregado para a designação da cidade) assumiu grande importância político e militar, com a criação do Condado Portucalense. Novas invasões mouras ocorreram no século X, até que, por volta de 999, nobres, fidalgos e valentes gascões, entraram com uma grande armada pela foz do rio Douro e expulsaram, definitivamente, os mouros. A cidade tornou-se um dos baluartes cristãos em toda a Península.

Os vikings fizeram diversas incursões militares à região, com expoliação de bens públicos, mas foram, finalmente, rechaçados. Em 1096, o conde D. Henrique de Borgonha (pai de D. Afonso Henriques) recebe a concessão do governo de Portucale, como prêmio pela sua aliança aos reis de Leão e Castela na luta contra os mouros. Transferiu ele a capital para Braga, mais ao norte e protegida contra invasões, fazendo aí seu quartel general na luta antimourisca.

É desta época a reedificação do Porto, com a construção de muralhas muito bem fortificadas na parte mais elevada da cidade, onde fundaram um alcácer acastelado, para moradia dos governantes. Depois do conde D. Henrique, serviu como habitação dos bispos, aos quais foi doado.

Em 1111, Teresa de Leão, mãe do futuro primeiro rei de Portugal, concedeu ao bispo D. Hugo o couto do Porto. Das armas da cidade faz parte a imagem de Nossa Senhora. Daí o fato de o Porto ser também conhecido por "cidade da Virgem", epítetos a que se devem juntar os de "Antiga, Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta", que lhe foram sendo atribuídos ao longo dos séculos e na sequência de feitos valorosos dos seus habitantes, e que foram ratificados por decreto de D. Maria II de Portugal.

Foi dentro dos seus muros que se efetuou o casamento do rei D. João I com a princesa inglesa D. Filipa de Lencastre. A cidade orgulha-se de ter sido o berço do infante D. Henrique, o navegador.

Devido aos sacrifícios que fizeram para apoiar a preparação da armada que partiu, em 1415, para a conquista de Ceuta, tendo a população do Porto oferecido aos expedicionários toda a carne disponível, ficando apenas com as tripas para a alimentação, tendo com elas confeccionado um prato saboroso que hoje é menu obrigatório em qualquer restaurante. Os naturais do Porto ganharam a alcunha de "tripeiros", uma expressão mais carinhosa que pejorativa. É também esta a razão pela qual o prato tradicional da cidade ainda é, hoje em dia, as "Tripas à moda do Porto". Existe uma confraria especialmente dedicada a este prato típico.


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