sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Crônicas da terra lusitana - Viseu




Viseu é uma importante cidade da Beira Alta, região central de Portugal, ao lado de Coimbra e Aveiro, com 50 mil habitantes na sua região urbana e quase cem mil habitantes na região rural. Está dividida em 25 freguesias. É sede de distrito e de concelho, além de ser Diocese e Comarca.
Segundo estudos europeus de 2007 sobre qualidade de vida, Viseu é a 17.ª melhor cidade europeia com maior qualidade de vida entre as 76 do estudo, sendo ainda a primeira das 18 cidades capitais de distrito portuguesas com melhor qualidade de vida. Em 2012 foi considerada, mais uma vez, a cidade portuguesa com melhor qualidade de vida.
A origem do nome Viseu segue a lenda de que, em pleno processo de Reconquista, um membro de um grupo de guerreiros chegado à cidade pelo lado oriental, onde se intersectam os rios Pavia e Dão, perguntou: «Que viso (vejo) eu?». Desta pergunta, nasceria o nome da cidade.
No entanto, entre os anos 712 e 1057, intervalo da ocupação moura, Viseu era conhecida por Castro Vesense — Vesi significada "visigodo" e castro, fortaleza.
Outra lenda, mais verossímil e referida no brasão da cidade, sugere que teria vivido na região um rei de nome D. Ramiro II (provavelmente Ramiro II de Leão) que, em viagem para outras terras, conheceu Sara, a irmã de Alboazar, rei do castelo de Gaia, por quem se apaixonou. Tal foi a paixão que se apoderou do rei, que este raptou Sara. Ao saber do sucedido, o irmão de Sara vingou-se raptando a esposa do rei, D. Urraca. Ferido no orgulho, D. Ramiro teria escolhido em Viseu alguns dos seus melhores guerreiros para o acompanharem, penetrando sorrateiramente no castelo, e deixando os guerreiros nas proximidades. Enquanto Alboazar caçava, D. Ramiro conseguiu entrar no castelo e encontrar D. Urraca que, sabendo da traição do marido, recusou-se a acompanhá-lo. Quando Alboazar regressou da caça, D. Urraca decide vingar-se do marido mostrando-o ao raptor. Ramiro, aprisionado e condenado à execução, pede para, como último desejo, morrer ao som da sua buzina, que era o sinal que tinha combinado com os soldados para entrarem no castelo. Ao final do sexto toque, os soldados cercam imediatamente o castelo, incendiando-o. Alboazar morreria às mãos dos soldados do rei Ramiro.
As origens da cidade de Viseu remontam à época castreja (construção de fortalezas) da colonização romana e, com a Romanização, ganhou grande importância, talvez devido ao entroncamento de estradas romanas das quais restam apenas os miliários, marcos em pedras nas estradas (passíveis de validação pelas inscrições) que se encontram: dois em Reigoso (Oliveira de Frades), outros dois em Benfeitas (Oliveira de Frades), um em Vouzela, dois em Moselos (Campo), um em São Martinho (Orgens), um na cidade (na Rua do Arco), outro em Alcafache (Mangualde) e mais dois em Abrunhosa (Mangualde); outros mais existem, mas devido à ausência de inscrições, a origem é duvidosa. Estes miliários alinham-se num eixo que parece corresponder à estrada de Mérida (Espanha), que se intersectaria com a ligação Olissipo-Cale-Bracara, outros dois polos bastante influentes. Talvez por esse motivo se possa justificar a edificação da estrutura defensiva octogonal, de dois quilômetros de perímetro — a Cava de Viriato.
Viseu está associada à figura de Viriato, já que, reza a lenda, este herói lusitano tenha talvez nascido nesta região. Depois da ocupação romana na península, seguiu-se a elevação da cidade a sede de diocese, já em domínio visigótico, no século VI. No século VIII, foi ocupada pelos muçulmanos, como a maioria das povoações ibéricas e, durante a Reconquista da península, foi alvo de ataques e contra-ataques alternados entre cristãos e muçulmanos. Foi repovoada por Hermenegildo Guterres, conde de Coimbra, no ano de 868, tendo pertencido a este condado até à última década do século X, quando da ofensiva de Almançor. De destacar a morte de D. Afonso V rei de Leão e Galiza no cerco a Viseu em 1027, morto por uma flecha oriunda da muralha árabe (cujos vestígios seguem a R. João Mendes, Largo de Santa Cristina e sobem pela R. Formosa). A reconquista definitiva caberia a Fernando Magno rei de Leão, depois de assassinar em 1037 o legítimo rei Bermudo III (filho de Afonso V) vencedor da batalha de Cesar em 1035 (segundo a crônica dos Godos), no ano de 1058.
Mesmo antes da formação do Condado Portucalense, Viseu foi várias vezes residência dos condes D. Teresa e D. Henrique de Borgonha que, em 1123 lhe concedem um foral. Seu filho D. Afonso Henriques teria nascido em Viseu a 5 de Agosto de 1109, segundo tese do historiador Almeida Fernandes. O segundo foral foi-lhe concedido pelo filho dos condes, D. Afonso Henriques, em 1187, e confirmado por D. Afonso II, em 1217.
Viseu foi constituído senhorio pela primeira vez a 7 de Julho de 1340, data em que D. Afonso IV o doou a sua nora D. Constança, quando do seu casamento com seu filho sucessor, o futuro D. Pedro I. Por morte desta rainha, seu marido doou o senhorio, a 9 de Junho de 1357, a sua própria mãe, a rainha Beatriz de Castela, viúva de D. Afonso IV. Quando D. Beatriz morreu, em 1359, o senhorio de Viseu voltou à coroa, até que, em 2 de Outubro de 1377, o rei D. Fernando I, filho da desta rainha D. Constança, o doou a sua filha natural a condessa D. Isabel, que foi senhora de Viseu até 1383 e aí mandou construir uma torre, onde ficava quando estava na cidade. Com a crise dinástica, o senhorio voltou à coroa, até à criação do ducado de Viseu em 1415.
Já no século XIV, durante a crise de 1383-1385, Viseu foi atacada, saqueada, e incendiada pelas tropas de Castela e D. João I mandou erigir um cerco muralhado defensivo — do qual resta pouco mais que a Porta dos Cavaleiros e a Porta do Soar, para além de escassas partes de muralha — que seriam concluídas apenas no reinado de D. Afonso V — motivo pelo qual a estrutura é conhecida pelo nome de muralha afonsina — já com a cidade a crescer para além do perímetro da estrutura defensiva.
No século XV, Viseu é doada ao Infante D. Henrique, na sequência da concessão do título de Duque de Viseu, cuja estátua, construída em 1960, se encontra na rotunda que dá acesso à rua do mesmo nome. Seu irmão D. Duarte, (rei) nasceu em Viseu, 31 de Outubro de 1391.
No século XVI, em 1513, D. Manuel I renova o foral de Viseu, e assiste-se a uma expansão para atual zona central, o Rossio que, em pouco tempo, se tornaria o ponto de encontro da sociedade, e cuja primeira referência data de 1534. É neste século que vive Vasco Fernandes, um importante pintor português cuja obra se encontra espalhada por várias igrejas da região e no Museu Grão Vasco, perto da Sé.
No século XIX é construído o edifício da Câmara Municipal, no Rossio, transladando consigo o centro da cidade, anteriormente na parte alta. Daí ao cume da colina, segue a Rua Direita, onde se encontra uma grande parte de comércio e construções medievais.
De especial importância para nós, brasileiros, é que tem origem em uma das freguesias de Viseu, mais exatamente de Vouzela, um grande personagem de nossa história colonial. Trata-se do lendário João Ramalho que, segundo alguns, era degredado banido de Portugal por ter cometido delitos importantes e vindo aportar no Brasil em 1512, quando sua nau naufragou nas costas de São Vicente, São Paulo. Segundo outros autores, Ramalho seria judeu e teria fugido das perseguições religiosas quando ocorreu o fato acima citado. Outros dizem que era cristão-velho, mas era amigo e fazia negócios com judeus, daí ter despertado a ira dos demais. Existem evidências, cada vez mais consistentes, da possível origem judaica de João Ramalho. Ele nasceu em Vouzela, em 1493 e morreu em São Paulo, em 1580. Seus pais eram João Vieira Maldonado e Catarina Afonso de Balbode. Era casado em Portugal com Catarina Fernandes, a quem nunca mais viu depois que veio para o Brasil. No Brasil, Ramalho casou-se com Bartira, filha do cacique Tibiriçá, o maioral da tribo dos Guaianases. Teve importância capital na fundação da cidade de São Paulo e é, seguramente, o genearca de grandes famílias do Sudeste brasileiro, incluindo dos antepassados da família Corrêa-Arzão.
Fonte: Wikipedia.
Créditos das fotos:
Silvia Teodoro de Oliveira
Antônio Carlos Corrêa
Wikipedia

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