sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

A morte do rei D. Fernando I, de Portugal, em 1383


Com D. Fernando I desaparece a primeira dinastia de reis de Portugal, a Afonsina. Casou-se com D. Leonor Teles de Menezes, que, entretanto, não teve aceitação popular dadas suas origens asturianas e leonesas. Esta já era casada e tivera um filho com outro nobre da sua corte, mas conseguiu a anulação do casamento alegando consanguinidade. Seduziu D. Fernando pela sua beleza, já prometido em casamento com D. Leonor de Castela. Durante o reinado de D. Fernando, Portugal assinou o primeiro tratado de aliança com a Inglaterra, o que persistiu pelos séculos afora. Também em seu reinado foi reconstruída a antiga muralha romana de Lisboa, depois muralha moura. Junto a uma das portas (de S. Pedro), ao lado do rio Tejo, permitiu o estabelecimento da Judiaria da Alfama, que visitei no ano passado.
Com a morte de D. Fernando, Leonor Teles, assumiu o trono. O povo se rebelou e após algumas lutas internas, na chamada crise de 1383-1385, o irmão bastardo de D. Fernando, João, mestre de Avis, assumiu o trono em 1385, com o nome de D. João I, dando início à dinastia de Avis. Este consolidou a independência definitiva de Portugal em relação a Castela com a Batalha de Aljubarrota, em 1385. D. João I foi quem iniciou todo o processo de conquistas territoriais ultramarinas de Portugal, sendo seu primeiro sucesso a conquista de Ceuta, ilha no ocidente do Mediterrâneo e norte da África.
22 de Outubro de 1383: Morre D. Fernando, "O Formoso"
Nono rei de Portugal e último da primeira dinastia, cognominado como o Formoso ou o Inconstante. 

Era filho de D. Pedro I e da rainha D. Constança. D. Fernando I de Portugal, nasceu em Coimbra no dia 31 de Outubro de 1345 e faleceu em Lisboa a 22 de Outubro de 1383. Subiu ao trono com 22 anos, quando em Castela se disputava a coroa entre D. Pedro, filho legítimo de Afonso X e Henrique de Trastamara, um dos muitos bastardos do falecido rei com D. Leonor de Gusmão. Assassinado D. Pedro, D. Fernando abandonou a sua neutralidade e Portugal entrou numa sucessão de períodos de guerra e paz. 

D. Fernando alegando ser bisneto de Sancho IV, mas movido pela rivalidade comercial e marítima entre Lisboa e Sevilha, interveio nesse episódio peninsular. Foi reconhecido como rei em cidades do norte da Península, aliado ao rei mouro de Granada, atraiu a si D. Pedro IV de Aragão, propondo-lhe casamento com a sua filha D. Leonor. Em 1369 invade a Galiza mas D. Henrique II de Castela atravessa o Minho, apodera-se de Braga cerca Guimarães e sai por Trás-os-Montes para ir em auxílio de Algeciras cercada pelo rei de Granada. 

Em 1371, com a intervenção do papa Gregório XI, os dois monarcas assinaram a paz de Alcoutim. D. Fernando comprometia-se a casar com D. Leonor, uma das filhas de Henrique II, porém ao casar com D. Leonor Teles não cumpria o tratado, o que não teve consequências com Castela, pois Henrique II não se deu por ofendido, teve-as com a Nação a quem tal casamento não agradou. 

Surge então o duque de Lencastre que se apresentava como pertencente ao trono castelhano. A França apoiou o Trastamara, Portugal, o Duque de Lencastre. Nasceu aqui a expressão política da aliança luso-britânica, primeiro no tratado de Tagilde, depois o de Westminster, a 16 de Julho de 1373 assinado entre os reis de Portugal e de Inglaterra. Henrique II invade novamente Portugal a chega a Lisboa onde entra em Fevereiro de 1373. O Cardeal Guido de Bolonha intervém como medianeiro e em Santarém foram assinadas as condições humilhantes de um novo tratado. 

Em 1378, com o Grande Cisma do Ocidente que opõe ao papa de Roma o papa de Avinhão, D. Fernando envolve-se em nova guerra com Castela. A Inglaterra tomou partido por Roma, a França por Avinhão. D. Fernando oscilou entre um e outro papa. Entretanto, quebrada a paz com Castela recomeçam as escaramuças de um e outro lado da fronteira do Alentejo, sem que de ambos os lados se faça qualquer esforço para uma batalha decisiva que ninguém desejava. Em Agosto estabelecem-se negociações sem conhecimento da Inglaterra. 

Estas três guerras custaram a Portugal o preço de três derrotas e de três tratados de paz com cláusulas de vencido. Contudo, durante os períodos de paz, D. Fernando mostrou-se hábil com a sua política interna. São de salientar as suas medidas de fomento, como reparações de muitos castelos, a construção da nova muralha de Lisboa a do Porto, a criação do cargo de condestável, renovações de armamento, a promulgação da lei das Sesmarias, para defesa da agricultura, defesa da marinha mercante, numa série de medidas de grande alcance, o grande impulso dado à Universidade que foi transferida para Lisboa, além de outras que o revelaram como um rei de excelente visão administrativa.

Quando D. Fernando morreu em 1383, a linha da dinastia de Borgonha chega ao fim. D. Leonor Teles é nomeada regente em nome da filha e de D. João de Castela, mas a transição não será pacífica. Respondendo aos apelos de grande parte dos Portugueses para manter o país independente, D. João, mestre de Aviz e irmão bastardo de D. Fernando, declara-se rei de Portugal. 
O resultado foi a crise de 1383-1385, um período de interregno, onde o caos político e social dominou. D. João tornou-se no primeiro rei da Dinastia de Aviz em 1385.

ESTORIASDAHISTORIA12.BLOGSPOT.COM|POR CARLA BRITO

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